Paris tem de tudo!
A linda Saint Sulpice, localizada no 6o arrondissement em frente à praça que leva seu nome, ficou mais conhecida com a publicação do livro “O Codigo da Vinci” de Dan Brown. Mas na verdade ela possui várias obras do século XVIII e XIX, entre elas os afrescos de Delacroix.
Inicio da Igreja
A capela inicial era do século X, toda de madeira. O santo padroeiro, Sulpice, foi bispo de Bourges entre 621 e 624.
Rapidamente a nova paróquia torna-se muito pequena para toda a comunidade existente e uma construção maior foi feita no começo do século XIII, e depois uma outra reforma nos séculos XIV e XVI. Entretanto o que vemos é que a população continua aumentando e, no século XVII, o abade Jean-Jacques Olier, pároco da igreja, que se chamava Saint-Sulpice-des-Champs, resolve usar sua influência junto a seus superiores e a corte para construir um edifício maior. Ele já era conhecido pela criação do seminário de mesmo nome, onde são formados os religiosos chamados sulpiciens.
E foi por conta de todo esse prestigio que ele recebe autorização para a construção de um enorme prédio de 19 metros de comprimento x 57 metros de largura. A primeira pedra da igreja é colocada em 1646, pela rainha-regente Anne d’Autriche, acompanhada por Louis XIV, que tinha na época apenas oito anos.
Em1678 a construção da igreja é interrompida durante quarenta anos por problemas financeiros, recomeçando em 1719 graças ao pároco Jean-Baptiste Languet de Gergy. Em 1732 o italiano Giovanni Niccolò Servandoni desenha a fachada principal e quando ele morre, em 1766, somente os dois primeiros níveis das torres estão terminados. Seu sucessor é Oudot de Mc Laurin, que modifica um pouco desenho das torres, mas é muito criticado.
Em 1745, a Saint-Sulpice é consagrada mesmo sem estar totalmente pronta. Em 1777, Jean-François-Thérèse Chalgrin, passa a ser o responsável pela finalização da fachada. Ele prevê colocar uma balaustrada no lugar do frontão, que havia sido destruído em um incêndio, e termina e decora a torre norte, que tem 70 metros de altura. A torre sul, com menos 5 metros, não é finalizada, ficando com a aparência que os arquitetos anteriores haviam dado.
Com a Revolução Francesa, os trabalhos são interrompidos e a igreja fica fechada ao culto, funcionando como depósito.
Em 1802, já com Napoleão I, a igreja recomeça a funcionar, recebendo durante o século XIX várias obras, dentre elas os afrescos de Delacroix e é terminada em 1870 com a colocação da balaustrada entre as torres, prevista quase cem anos antes por Chalgrin. Mas a torre sul continua inacabada.
Em 1871, um ataque dos prussianos danifica a igreja e em 1873 a construção sofre a primeira restauração.
Em 1915, a Saint-Sulpice foi classificada como Monumento Histórico.
Em 2010 a torre norte finalizou sua restauração e até hoje é a torre mais decorada, com motivos florais e estátuas dos evangelistas. Nessa restauração as esculturas originais foram retiradas e substituídas por novas, que hoje estão guardadas na cripta da igreja.
Entendendo o Gnomon Astronomique – Marco Astronômico
Gnomon é o ponteiro do relógio solar. Um relógio solar que permite ver as variações do sol ao meio-dia ao longo do ano, permitindo assim regular o horário para badalar o sino. É uma lâmina disposta na vertical do relógio que projeta a sombra do sol, indicando as horas. É considerado o primeiro aparelho para a indicação do tempo, durante o dia.
Como funciona? um obelisco de mármore situa-se no braço esquerdo da igreja e dele sai uma linha de cobre presa ao chão e que vai até o lado direito da nave, onde está situada uma placa de mármore, também no chão. Uma abertura na placa de ferro da janela sul deixa entrar os raios do sol.
Se os raios solares estiverem no meio da placa de mármore no chão, é meio-dia do solstício de verão (21 de junho). Se baterem nas marcas do obelisco, é o solstício de inverno (21 de dezembro).
Mas, ao contrário do que diz o livro de Dan Brown, essa linha meridiana nunca foi utilizada como referência internacional. A que foi usada internacionalmente, antes de Greenwich, é o meridiano de Paris.
O construtor do gnômon foi o relojoeiro e astrônomo inglês Henry Sully, inventor do relógio marinho para mapear a longitude.
Durante a Revoluçãoi Francesa, a Igreja de Saint Sulpice foi preservada por ser um local de medições científicas.
Órgão
Foi construído por François-Henri Clicquot, e instalado em 1781 em uma linda caixa projetada por Chalgrin.
Entre 1857 e 1861, foi restaurado por Aristide Cavaillé-Coll, tornando-se o maior da França, com 102 teclas divididas em cinco teclados, com 15.836 tubos.
Curiosidades
Na sua construção: a Saint-Sulpice era a única paróquia que possuía duas torres, o que era somente autorizado a catedrais e abadias.
O sacerdote Languet de Gercy encarregou a um astrônomo a construção de um esquadro da meridiana solar para calcular a data da Páscoa mediante o controle dos equinócios. Trata-se de uma coluna de mármore que marca a hora mediante a sombra que projeta no chão. Graças à existência do esquadro, a igreja se salvou de ser destruída durante a Revolução Francesa e hoje se conserva em ótimas condições.
As Capelas
- Capela da Virgem – de culto privado. Decorada sob a direção de Servandoni, é a mais bela da igreja. Foi danificada por um incêndio em 1762, e reconstruída por Charles de Wailly. Acima do altar, um nicho acolhe “A Virgem e o menino, 1774”, obra-prima de Jean-Baptiste Pigalle, um dos mais famosos escultores franceses. As pinturas dos quadros são realizadas por Carle Van Loo. Já a pintura da cúpula é obra de François Lemoyne (1732). Essa é uma capela diferente das demais, sendo toda de estilo mais barroco. Pare, sente e admire.
- Capela dos Anjos – Ao entrar na igreja, é a primeira capela à direita. Foi decorada por Delacroix no final de sua vida. Em cada uma das paredes um tema: Heliodoro expulso do templo e O Combate de Jaco com o Anjo. No teto, São Miguel esmagando o dragão. Mgnificas obras do mestre do romantismo, como se fosse um testamento do artista. Lindas de serem admiradas!!!
Sacristia
Esta área é delimitada por painéis do período Luís XV, e é a área para obter informações sobre as atividades da igreja e da paróquia. Existem guias, postais e gravações de recitais de órgão à venda e horários de missas, visitas guiadas e recitais de órgão.
De maneira geral há recitais de órgão aos domingos e dias santos 15 minutos antes da Missa das 11h00, durante a Missa e durante 30 minutos após a Missa. Mas vale sempre confirmar esses dias/horários.
Atualmente, ainda são promovidos concertos com o impressionante órgão de tubos que data de 1862.
Púlpito
Lindo, todo dourado, no alto de duas escadas de mármore branco. Possui balaustradas e estátuas douradas. Ele brilha quando o sol entra e você pode ver por que os fiéis acreditam que estão na presença de seres etéreos quando isso acontece.
Foi desenhado, em 1788, no espírito clássico por Charles de Wailly e foi salvo de ser destruído durante a revolução por ser usado para discursos dos revolucionários.
Place de Saint Sulpice
A igreja fica na praça que leva seu nome, rodeada de cafeterias e com uma fonte no centro: Fonte dos Quatro Pontos Cardeais. Nela estão representados quatro bispos apontando para cada um dos pontos cardeais. Curiosamente, nenhum dos bispos chegou a ser cardeal.
Durante o ano todo a praça é super animada e nela acontecem feira de livros, de antiguidades, de Natal, de inverno, feira gastronômica, exposição de quadros, brechós etc.
Sugestão: pare em um dos cafés da praça para apreciar a igreja e as construções em volta, entre elas a Prefeitura.
Lugares próximos
Jardins de Luxemburgo (512 m)
Museu Cluny (771 m)
Quartier Latin de Paris (897 m)
Sainte Chapelle (944 m)
Île de la Cité (1 km)
Horário: Todos os dias das 7:30 às 19:30 horas.
Como chegar: Metrô St Sulpice, linha 4