Congonhas do Campo é a cidade brasileira que reúne o maior acervo de arte do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
A Basílica de Bom Jesus de Matosinhos, inspirada na homônima portuguesa, tem 12 profetas esculpidos em pedra sabão, de autoria do mestre Aleijadinho, As obras foram feitas entre 1794 e 1804 e todo o complexo foi classificado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade é composto pela Basílica e seus profetas e também pelas 6 Capelas dos Passos, com 66 imagens confeccionadas em cedro, em tamanho natural representando a Via Sacra, dos artistas Aleijadinho e de Manoel da Costa Athayde.
Para quem gosta de arte sacra, a cidade é um museu a céu aberto, o Santuário é a maior obra barroca das Américas.

A Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas, teve sua construção iniciada em 1757, por iniciativa do imigrante português Feliciano Mendes, minerador e pedreiro, como agradecimento a uma graça alcançada. Muito doente, Feliciano prometeu dedicação à imagem, caso recuperasse sua saúde. Localizado no alto de um morro em lugar de destaque na paisagem, o templo domina o conjunto do santuário formado por mais seis capelas.
O desenho da igreja foi inspirado em dois importantes santuários localizados ao norte de Portugal, o Bom Jesus de Matosinhos, nos subúrbios da cidade do Porto, e Bom Jesus de Braga, próximo à cidade do mesmo nome. O interior traz decoração rica do período rococó da arte mineira.
À frente da igreja, estão as 12 estátuas dos profetas, esculturas em pedra-sabão de autoria do arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, consideradas suas obras-primas.



Os doze profetas
As estátuas quase em tamanho natural estão distribuídas no átrio da igreja e todas possuem características em comum tais como cabelos encaracolados, olhos mongóis e maçãs no rosto, que são uma marca do Aleijadinho. Umas foram totalmente esculpidas pelo artista, outras parcialmente.
- Isaías – Um profeta do Antigo Testamento abre a série de honra na entrada da escadaria do lado esquerdo do santuário. A estátua tem o tipo físico de um personagem de idade avançada, barbas e cabelos abundantes. Veste uma túnica curta, que deixa descoberta a parte inferior das pernas calçadas de botas, sobre a qual se acha jogado um amplo manto. Segura um pergaminho com a mão esquerda, enquanto a direita aponta para o texto nele inscrito. Tem uma desproporção entre as partes superior e inferior do corpo, ombros estreitos e braços curtos. Tem a expressão de um iluminado diante de uma visão, constituindo-se em uma das mais importantes peças de todo o conjunto arquitetônico.

. Jeremias – Ocupa também posição de destaque na entrada da escadaria, à esquerda de Isaías, autor do segundo dos livros proféticos na ordem do Canôn Bíblico. O tipo físico do Profeta Jeremias é de um homem de meia idade, com bigodes longos e a barba curta à moda bizantina. Veste túnica curta, que deixa à mostra a perna esquerda, e manto levantado sobre o ombro direito, caindo até os pés na parte superior. Segura o pergaminho com a mão direita e, na esquerda, uma pena. Na cabeça, tem um lindo turbante, arrematado por abas torcidas. Do ponto de vista anatômico, essa estátua apresenta deformidades. Entretanto, apesar dos defeitos observados, nota-se a intervenção de Aleijadinho na execução da cabeça, onde, sem dúvida, se concentra toda a força real da imagem.

- Baruque – Apesar de não integrar a série dos profetas do Antigo Testamento, a inclusão de Baruque no conjunto de Congonhas faz sentido pelo seu destaque na ordem do Cânon Bíblico. Baruque traz nas mãos um pergaminho cuja citação é uma síntese de várias passagens de suas profecias. A escultura representa um personagem jovem vestido de túnica curta e manto, calçando botas. Traz na cabeça um turbante com bordas decoradas semelhantes às do Profeta Jeremias. Uma das mãos sustenta as pregas do manto, enquanto a outra segura o pergaminho. A peça, de proporções atarracadas e erros anatômicos é considerada uma das mais fracas do conjunto. A força da imagem, entretanto, vem da expressão do rosto, parte executada por Aleijadinho.

- Ezequiel – Do lado oposto a Baruque, no pedestal do muro central encontra-se esse profeta, também conhecido como o “profeta do exílio” por ter sido banido para a Babilônia com o povo de Israel. A inscrição do pergaminho traduz a síntese de três etapas sucessivas da visão do profeta: primeiro aparecem-lhe quatro animais alados de quatro faces cada um. Em seguida as quatro rodas de um carro de fogo sustentando um trono de safira e, finalmente sobre esse trono, o próprio Deus de Israel. O tipo fisionômico de Ezequiel é igual ao de Jeremias, com bigodes e barba curta, e cabelos longos caindo sobre a nuca. Ao invés da túnica curta, o profeta veste uma túnica longa, que deixa a descoberto apenas a ponta do pé direito. Em vez do turbante, ele traz na cabeça um chapéu pequeno preso por um laço. Cobrindo a parte posterior da imagem, o manto está decorado com uma barra desenhada. A avaliação é de que sua força de expressão mostra cuidados de Aleijadinho durante sua execução. Além da expressão da cabeça, destaca-se também a flexão do braço direito.

. Daniel – Fica em frente a estátua do Profeta Oseias A fisionomia da escultura mostra um jovem como Baruque e Abdias. Entretanto, a fisionomia de Daniel tem diferença pelos olhos e pela boca e o nariz longo, mostrando uma expressão distante. Daniel veste uma túnica longa, presa na cintura por uma faixa abotoada no colarinho. Nessa escultura, os estudiosos dizem que parece que Aleijadinho não teve ajuda de nenhum de seus auxiliares. É a estátua de maior dimensão de todo o conjunto e muito bem executada, revelando, sem dúvida, a marca do gênio Aleijadinho. A escultura foi feita ente 1800 e 1805. Daniel também passou pela Babilônia e ganhou prestígio pelos seus dons de interpretação de sonhos.

. Oséias – Esse é o mais importante dos profetas menores e fica no pedestal da entrada. Assim como os profetas Ezequiel e Jeremias, ele veste um casaco curto, abotoado da gola à barra e preso na cintura por uma faixa. A cabeça é coberta por um chapéu semelhante ao de Ezequiel e com uma pena na mão direita, parecendo que está escrevendo. Diferente de outras esculturas, essa tem a anatomia correta, apesar da diferença de tamanho entre os dois braços.

. Joel – o segundo dos profetas menores do Cânion Bíblico fica ao lado de Oséias. A fisionomia da escultura é de um personagem viril, de barba e bigodes em rolos. A roupa é parecida com a de Oséias mas com um colarinho alto. Ele traz na cabeça o mesmo modelo de turbante com abas retorcidas de Jeremias e Baruque . A estátua segundo estudiosos praticamente não revela imperfeições anatômicas. É uma das mais vigorosas de todo o conjunto e sua força de expressão revela a atenção de Aleijadinho na maior parte de sua execução.

. Abdias – ocupa o ponto inferior na lateral esquerda do Santuário. “Servo do Senhor” é o que diz a etimologia do seu nome. Sua fisionomia é de um jovem, assim como Baruque, Daniel e Amós, mas as proporções bem mais esbeltas dão a impressão de uma maior juventude. Ele veste túnica e manto como os apóstolos da ceia, complementado apenas por um gorro simples, mas o arranjo das pregas é muito bem organizado num jogo interessante de luz e sombra. A estátua de Abdias junto com a do profeta Habacuque ficam em pontos opostos laterais, ficando com uma função de baluartes. Para essas duas estátuas laterais ambas parecem ter tido cuidado especial pelo artista Aleijadinho, com a ajuda do ateliê apenas em acabamentos.

. Amós – Sua estátua fica na parte superior esquerda. Ele difere totalmente dos demais profetas do conjunto e essa diferença é vista tanto no tipo físico, quanto na roupa. Seu rosto largo tem a expressão calma como um homem do campo. Suas vestes condizem com a sua condição de pasto, com uma espécie de casaco e traz na cabeça um gorro, de forma semelhante ao que usam ainda hoje os camponeses portugueses da região.
Dada a grande altura do muro em que está colocada, a escultura parece ter sido concebida para ser vista pelo lado esquerdo, já que o lado direito dela apresenta deformações, como, por exemplo, a omissão da perna da calça deste lado. A peça, assim como a estátua de Daniel, tem apenas uma pequena emenda na parte superior do gorro. Amós é talvez o mais antigo dos profetas de Israel que deixou textos escritos.

. Jonas – Fica em um dos muros que formam o parapeito de entrada à esquerda. Para o mais popular dos profetas menores, Aleijadinho reservou lugar de destaque, colocando-o junto de Daniel. Essa estátua repete o mesmo padrão usado nas imagens de Jeremias, Ezequiel, Oseias e Joel. Sua fisionomia, entretanto, apresenta traços distintos, como a boca entreaberta com os dentes aparentes e a cabeça voltada para o alto. Sua roupa tem uma espécie de batina, com colarinho, abotoada até a cintura, onde é presa com uma faixa. O profeta traz também um manto jogado sobre o ombro esquerdo e o turbante com abas retorcidas. A estátua, segundo pesquisadores, parece ter recebido de Aleijadinho o mesmo cuidado dispensado a Daniel, sem qualquer intervenção do ateliê . Características de Aleijadinho observadas nessa peça: a expressão dramática e o ornamento visível na parte posterior, onde a silhueta da baleia, com cauda e barbatanas, parece sair de um chafariz.

. Habacuque – O oitavo dos profetas menores fica em posição equivalente à de Obadias no ponto inferior do arco que une os muros dianteiro e lateral direito. Novamente nele se repete o padrão utilizado para Jeremias, Ezequiel, Oseias, Joel e Jonas. O vestuário de Habacuque tem estrutura semelhante a Naum e Jonas só que com gola diferenciada. O profeta traz na cabeça o mais complicado turbante de todas as obras, com quatro gomos arredondados. A estátua recebeu também de Aleijadinho cuidados especiais tanto por sua localização, quanto por sua execuçã. .

. Naum – Fica na extremidade direita, ocupando o ponto superior do arco, o sétimo dos profetas menores. O tipo físico da figura é o de um velho de barbas longas e postura vacilante. Veste uma roupa longa, abotoada até a cintura. A intervenção do ateliê, segundo pesquisadores, nessa peça aparece de forma evidente, a começar pela execução do turbante. Alguns detalhes, como as barras do manto e a deficiência da articulação geral do conjunto comprovam essa intervenção, parecendo possível que Aleijadinho tenha apenas executado os traços iniciais da estátua.


Vale lembrar que a obra dos profetas foi realizada entre os anos de 1800 e 1805 quando Aleijadinho estava com mais de 60 anos e enfermo. O conjunto de esculturas monumentais que marcaria definitivamente sua obra.
Em frente ao Santuário estão os Passos da Paixão de Cristo, distribuídos em seis capelas, que abrigam as 66 peças esculpidas em cedro, em tamanho natural, por Aleijadinho e sua equipe e pintadas por Manoel da Costa Ataíde e Francisco Xavier Carneiro. Datam entre 1796 a 1799. Elas ficam nas seis capelas que reúnem os sete Passos da Paixão de Cristo.
Uma obra que merece ser visitada.
Como chegar
A cidade de Congonhas fica a 77 km da capital mineira de Belo Horizonte ( cerca de 1h de carro) ou 54 km de Ouro Preto, outra cidade que merece a visita por todo seu valor histórico e que comentamos em outro post nosso.
Onde ficar
Caso queira se hospedar na cidade, sugiro ficar no Centro Histórico que possui boas opções de hospedagem e pode ser visitada em qualquer época do ano.
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